Ansiedade: como saber quando ela está se tornando patológica?

Ansiedade: como saber quando ela está se tornando patológica?

20 de março de 2023

Sabemos que a ansiedade é um mecanismo crucial para nossa sobrevivência quando, por vezes, sentimos medo de enfrentar uma situação nova, sendo esse o responsável por executar comportamentos como luta ou fuga em situações estressoras que nosso cérebro entende por “perigo”. Muitos medos são inatos. Um exemplo é que naturalmente sentimos medo de cobras e/ou outros répteis. Porém, alguns medos podem ser aprendidos com o passar do tempo, como por exemplo se você sofrer um acidente de moto, você possivelmente aprenderá a ter medo de andar e evitar situações que possam lhe induzir a subir novamente em uma.
Porém, o medo não é uma resposta funcional para ser utilizada em todas as circunstâncias, quando sentimos medo em todas as situações podemos caracterizar como um transtorno de ansiedade.

O medo como resposta ao estresse

Uma pessoa saudável utiliza a experiência que o evento estressante gerou como aprendizado, reconhecendo o que gerou o estímulo ameaçador e utilizando uma resposta adaptativa para lidar com ele. Uma pessoa com ansiedade patológica tem expressão de medo mesmo quando a ameaça não está presente, ficando em estado de alerta na maioria das vezes sem nenhum estímulo estressor. Algumas dessas expressões podem incluir: 

  • Comportamento de esquiva;
  • Sudorese intensa;
  • Liberação de cortisol.

E o que pode agravar esse quadro?

O transtorno de ansiedade não é um evento isolado, ele afeta a qualidade do sono gerando episódios de insônia, afeta a concentração de hormônios envolvidos no apetite, como grelina e leptina,  aumentando ou inibindo a fome. Toda essa arquitetura pode agravar significativamente o quadro ansiogênico. Ainda, quando falamos de repercussões a nível cognitivo, observamos uma séria diminuição na manutenção do foco, atenção e motivação, afetando principalmente o funcionamento das relações de trabalho e interpessoais dos indivíduos que sofrem desse transtorno.

Se reconheceu nesse conjunto de sintomas?

O primeiro passo é procurar psicoterapia. 90% dos estudos indicam terapia cognitivo comportamental pela eficácia nas respostas ao tratamento. Um profissional fora da caixa vai regular sua rotina de sono, alimentação, exposição a luz, prática de exercício físico e o principal: lhe expor gradualmente ao estímulo ameaçador que geram ansiedade, sempre reiterando junto com você um apanhado de evidências que sustentam que aquele estímulo não é  perigoso, construindo com você estratégias adaptativas para lidar com situações estressoras. 
Pela velocidade de resposta ao tratamento e sustentação dos resultados, a psicoterapia pode dar conta do recado sozinha, porém, se ainda assim os níveis ansiogênicos não diminuírem, você deve procurar um psiquiatra de confiança para iniciar o tratamento medicamentoso. Os famosos ansiolíticos atuam reduzindo a transmissão sináptica química do seu cérebro, facilitando as alterações feitas pela psicoterapia.

Nataly Ferreira
Nataly Ferreira

Psicóloga graduada pela Uninassau Campina Grande – PB, pós graduanda em Neuropsicologia pelo Centro Universitário Faveni. Trabalha com Terapia Cognitiva Comportamental baseada em evidências científicas com foco em transtorno de ansiedade, transtorno de pânico e estresse crônico.

Comentários

Nenhum comentário encontrado